“- É possível insistir, insistir realmente, mesmo sabendo que o que se está fazendo é inútil - disse ele, sorrindo. - Mas primeiro temos de saber que nossos atos são inúteis e, no entanto, temos de proceder como se não soubéssemos. É esta a loucura controlada de um feiticeiro.” 

Uma Estranha Realidade, pág. 75 


Silêncio:
cigarras escutam
o canto das rochas
A mesma paisagem
escuta o canto e assiste
a morte das cigarras
vento de outono
a silenciosa colina
muda me responde
a cigarra... ouvi:
nada revela em seu canto
que ela vai morrer
Matsuo Bashô



Faço uma citação do livro Porta para o infinito, em um diálogo o personagem principal e “bruxo” (feiticeiro) chamado Dom Juan conversa com seu aprendiz, Carlos Castaneda (escritor do livro) sobre os adeptos do que ele chama de “magia negra”.

– Você está novamente confundindo as coisas. Alivio, refugio, medo, tudo isso são estados de espirito que você aprendeu sem jamais questionar seus valores. Como se pode ver, os adeptos da magia negra já conquistaram toda a sua lealdade.
- Quem são esses da magia negra, Dom Juan? 
- Nossos semelhantes são os da magia negra. Já que você está com eles, você também é da magia negra. Pense um momento. Você pode desviar-se do caminho que eles lhe traçaram? Não. Seus pensamentos e hábitos estão fixos para sempre nos termos deles. Isso é escravidão. 
Eu, por outro lado, lhe trouxe a liberdade. A liberdade é dispendiosa, mas o preço não é impossível. 
Assim, tema seus captores, seus mestres. Não perca seu tempo e seu poder tendo medo de mim.

 (Carlos Castaneda, 1975)


O silêncio em volta de nós era assustador. O vento soprava suavemente e aí ouvi o latido distante de um cão solitário. 
— Escute aquele latido — continuou Dom Juan. — É assim que a minha amada terra me está ajudando agora a mostrar-lhe esse último ponto. 
Aquele latido é a coisa mais triste que se pode ouvir. Ficamos calados um momento. O latido daquele cão solitário era tão triste e a quietude em volta de nós tão intensa que senti uma angústia entorpecente. Aquilo me fez pensar em minha própria vida, minha tristeza, o meu não-saber para onde ir, o que fazer. 
— O latido daquele cão é a voz noturna do homem — disse Dom Juan. 
— Vem de uma casa naquele vale para o Sul. Um homem está gritando por intermédio de seu cão, pois são escravos companheiros de toda a vida, sua tristeza, o seu tédio. Ele está implorando à morte que vá libertá-lo das correntes cacetes e feias de sua vida. 
Dom Juan com suas palavras tocara num ponto muito perturbador para mim. Senti que ele estava falando diretamente para mim. 
— Aquele latido e a solidão que ele provoca falam dos sentimentos dos homens — continuou ele. — Homens para quem uma vida inteira foi como uma tarde de domingo, uma tarde que não foi de todo desgraçada, mas meio quente e incômoda e vazia. Eles suaram e se afligiram muito. Não sabiam para onde ir, nem o que fazer. Aquela tarde deixou-os apenas com a recordação de aborrecimentos mesquinhos e tédio, e depois, de repente, passou; já era noite. 


Porta para o Infinito - Carlos Castaneda


Mover over - Janis Joplin

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=YYWdiG1Bf0c                                   

Para mim só existe percorrer os caminhos que tenham coração, qualquer caminho que tenha coração.
         Ali viajo, e o único desafio que vale é atravessá-lo em toda a sua extensão. E por ali viajo olhando, olhando, arquejante.

Don Juan


 isso de querer ser
                exatamente aquilo
               que a gente é
              ainda vai  
           nos levar além

       

Paulo Leminski









          Torre azul


É preciso construir uma torre 
- uma torre azul para os suicidas. 
Têm qualquer coisa de anjo esses suicidas voadores, 
qualquer coisa de anjo que perdeu as asas. 
É preciso construir-lhes um túnel 
- um túnel sem fim e sem saída 
e onde um trem viajasse eternamente 
como uma nave em alto mar perdida. 
É preciso construir uma torre... 
É preciso construir um túnel... 
É preciso morrer de puro, 
puro amor!

Mario Quintana



Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo
eu tiro um arco íris da cartola.
E refaço. Colo. Pinto e bordo.
Por que a força de dentro é maior
Maior que todo mal que existe no mundo.
Maior que todos os ventos contrários.
É maior por que é do bem.
E nisso, sim, acredito até o fim...

Caio Fernando Abreu








Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...

Alberto Caeiro



ATRAVÉS DO VERDE RASTILHO

A força que impele através do verde rastilho a flor
impele os meus verdes anos; a que aniquila as raízes das árvores
é o que me destrói.
E não tenho voz para dizer à rosa que se inclina
como a minha juventude se curva sob a febre do mesmo inverno.

A força que impele a água através das pedras
impele o meu rubro sangue; a que seca o impulso das correntes
deixa as minhas como se fossem de cera.
E não tenho voz para que os lábios digam às minhas veias
como a mesma boca suga as nascentes da montanha.

A mão que faz oscilar a água no pântano
agita ainda mais a areia; a que detém o sopro do vento
levanta as velas do meu sudário.
E não tenho voz para dizer ao homem enforcado
como da minha argila é feito o lodo do carrasco.

Como sanguessugas, os lábios do tempo unem-se à fonte;
fica o amor intumescido e goteja, mas o sangue derramado
acalmará as suas feridas.
E não tenho voz para dizer ao dia tempestuoso
como as horas assinalam um céu à volta dos astros.

E não tenho voz para dizer ao túmulo da amada como sobre o meu sudário rastejam os mesmos vermes.

Dylan Thomas

Todo meio-dia
No batente da cancela
Pousa um tico-tico
E eu por ela fico à espera
Ela traz a flor da mocidade dentro dela
Feito o tico-tico
Traz no bico a primavera
Ô, o passarinho cantador
Avoou anunciando o meu amor
Toda meia-noite
Num cantinho da janela
Dorme um passarinho
No seu ninho de quimera
Quem me dera a sua rosa branca de donzela
Por detrás da tranca da janela
Ai, quem me dera
Ô, o passarinho sonhador
Despertou denunciando a minha dor
E acorda toda a passarada
Revoando na roseira
Da moça passarinhadeira

Feitiçaria


Hakim Bey



O universo quer brincar. Aqueles que por ganância espiritual se recusam a jogar e escolhem a pura contemplação negligenciam sua humanidade - aqueles que evitam a brincadeira por causa de uma angústia tola, aqueles que hesitam, desperdiçam sua oportunidade de divindade - aqueles que fabricam para si máscaras cegas de Idéias e vagam por aí à procura de uma prova para sua própria solidez acabam vendo o mundo através dos olhos de um morto. 
O feiticeiro é um Autêntico Realista: o mundo é real - mas a consciência também o deve ser, já que seus efeitos são tão tangíveis. Um obtuso acha que até mesmo o vinho não tem gosto, mas o feiticeiro pode se embriagar simplesmente olhando para a água. A qualidade da percepção define o mundo do inebriamento - mas, sustentá-lo e expandi-lo, para incluir os outros, exige um certo tipo de atividade - feitiçaria. 


Saia...
do quarto escuro,
abandone-se...
saia…
Não podemos mais voltar...
perdemos os marcos que nos faziam girar e girar, sempre ao mesmo lugar...
Perdemos as ancoras...
Então te peço:
esqueça o que passou...
Se tiver que atravessar a ponte, atravesse.
Somos como pedaços de estrelas, a poeira do universo está nos nossos ossos cansados, 
ossos molhados por chuvas sem fim...
Receba esse convite:
Viva a vida forte e dura de um guerreiro...
Eu acredito em você.
Nossa caravana não é a do desespero...
Mas daqueles que esperam, num desafio constante...
Até o derradeiro salto...
Olhe a sua volta...
Não há sobrevientes neste mundo!!!

by morfo.




Joshu perguntou a Nansen: "Qual é o Caminho?" Nansen disse: "O dia-a-dia é o Caminho". "Pode ele ser estudado?" perguntou Joshu. Nansen disse: "Se tentares estudá-lo, irás estar muito longe dele." Joshu replicou: "Se não posso estudá-lo, como posso entender o Caminho?" Nansen completou: "O Caminho não pertence ao mundo da percepção, nem Ele pertence ao mundo da não-percepção. A cognição é delusão e a não-cognição é sem sentido. Se desejais alcançar o Verdadeiro Caminho além das dúvidas, busqueis ser tão livre como o céu. E não afirmais que isso é bom ou ruim." Ao ouvir tais palavras, Joshu atingiu o Satori.

Prática

Muito se fala sobre nossas práticas, Não Fazer, eis uma prática interessante em nossas vidas. Por exemplo, certo dia uma amiga questionou, por usar plantas alucinógenas. Simples, o que pode impedir um ser humano, nesta terra, de experimentar? Ou o que posso chamar de bruxaria? Não temos mais líderes, nem mestres, nem nenhum nagual. Alguém inventou algo novo? Não. Nossas práticas são para ser experimentadas. Por isso, alguém saiu da sombra dos tempos, desse profundo mar mistério, e denominou certas práticas de isso, ou outra coisa qualquer. Mas não importa nada disso, porque o que é preciso se saber, sem palavras, nada pode descrever. No bruxo está a essência do próprio fogo, a estrada do nada. O luminoso dragão. Por isso vivemos isolados da vida social, mas intrinsecamente quase envolvidos na vida cotidiana. Afastados da moral, pátria, família ou religião. Os bruxos vivem à margem de tudo, caminhando sobre a linha, entre a loucura e a morte...

"Um guerreiro faz a sua própria disposição. Precisamos da disposição de guerreiro para todos os atos. Se não, ficamos fracos e feios. Não existe poder numa vida que não tenha essa disposição.
Um guerreiro, ao contrário, é um caçador. Calcula tudo. Isso é controle. Mas, uma vez terminados seus cálculos, ele age. Entrega-se. Isso é abandono.
Um guerreiro não é uma folha à mercê do vento. Ninguém pode empurrá-lo; ninguém pode obrigá-lo a fazer coisas contra si ou contra o que ele acha certo.
Um guerreiro pode ser ferido; mas não ofendido _  Para um guerreiro, não há nada de ofensivo nos atos de seus semelhantes, enquanto ele estiver agindo dentro da disposição correta.
A disposição de um guerreiro não é assim tão artificial para o seu mundo ou o de qualquer pessoa. Você precisa dela para poder livrar-se de todas as besteiras.
Conseguir a disposição de um guerreiro não é coisa fácil. É uma revolução. Considerar uma onça, ou os ratos d'água e nossos semelhantes como iguais é um ato magnífico do espírito do guerreiro.
É preciso poder para fazer isso".

Dom Juan, apud Castaneda in Viagem a Ixtlan - página 128.
 
Apenas um poema:
 
May thy mourning be embraced
Seize'd by thy hunter's gaze
For the Sun's splendour and astonishing bright
May fulfil 'is eyes with vital light
Let 'em visions and let 'em feelings
Mostly hidden and unseen
Be the guidance to thy silent world
Filled with wisdom to its brim
Fear's made its way
To where it should'ave never left
S'made thy hunter's eyes so clear
S'gone forever from 'is path
Thoughtlessly dancing in thy very twilight
Thy hunter's shiny eyes meet the magic harvester
Forever, endlessly, it tells thy truth few dare to see
It remembers thy hunter he's a timeless warrior,
forever to be
(Arcoverde)

Intento!

El psicópata del Cerebro
Renato ME Sabbatini, PhD
Extractos:

Los sociópatas se caracterizan por el desprecio a las obligaciones sociales y la falta de consideración por los sentimientos de los demás. Presentan el egocentrismo patológico, las emociones superficiales, falta de conciencia de sí mismo, pobre control de impulsos (incluyendo una baja tolerancia a la frustración y un bajo umbral para la descarga de la agresión), la irresponsabilidad, la falta de empatía con otros seres humanos y la falta de remordimiento, la ansiedad y los sentimientos de culpa por su comportamiento antisocial. Ellos son a menudo cínico, manipulador, incapaz de mantener una relación y el amor. Ellos descaradamente mentir, robar, abusar, engañar, descuidan a sus familias y parientes, y ponen en peligro sus vidas y las de los demás. El investigador canadiense Robert Hare, uno de los expertos mundiales en la sociopatía criminal, los caracteriza como " depredadores intraespecíficas que utilizan el encanto, la manipulación, la intimidación y la violencia para controlar a los demás y para satisfacer sus propias necesidades. En su falta de conciencia y de sentir por los demás, que con frialdad tomar lo que quieran, en violación de las normas sociales sin el más mínimo sentimiento de culpa o arrepentimiento . "

精神病患者的大脑
雷纳托ME萨巴蒂尼,博士
摘录:
反社会的特点是无视社会责任和考虑别人的感受缺乏。他们表现出病态自我中心,感情浅,缺乏自我意识,较差的冲动控制(包括1对挫折的低公差和1侵略排放低门槛),不负责任,缺乏与其他人的移情和自责,焦虑和情感的不足他们的反社会行为有罪。他们往往愤世嫉俗,善于操控,无法维持的关系和爱。他们无耻地撒谎,去偷,滥用职权,欺骗,忽略了他们的家庭和亲属,并危及他们的生命和他人的。加拿大研究员罗伯特野兔世界刑事sociopathy的专家之一他们的特点种内的魅力操纵恐吓和暴力的天敌谁使用以控制他人来满足自己的需要。在他的缺乏认识和别人的感觉他们冷静地考虑他们想要的东西违反社会规范没有半点内疚或遗憾
反社会是无法从惩罚中学习并修改自己的行为。当他们发现自己的行为不被社会所不能容忍的,他们的反应,隐藏,但从来没有制止,并巧妙地掩饰他们的人格特质。因此在过去的精神科医生使用道德精神错乱insanitédélire来描述这种精神。一个典型的反社会Donatien阿尔方斯-弗朗索瓦· 萨德1740年至1814),法国贵族的不正当的性喜好和小说海宁起源的长期虐待狂。